quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Como um lema de vida

«é só nos dias em que alma entristece, que se percebe o quanto se é feliz.
porque, se por momentos sentimos a angústia de não ter tudo, na reacção seguinte - inconsciente -, algo em nós faz um apanhado, tipo trailler, das coisas boas e lembra-nos o quanto temos de bom. estar triste e entristecer podem até parecer a mesma coisa. mas não o são. o problema quando se está triste, é que este momento de reacção não acontece. para os que apenas entristecem, basta deixar que a música avance, que a dança continue, que o sorriso chegue no momento a seguir. pode-se chorar. deve-se. porque limpa a alma dos resíduos que nos pesam. mas com essa certeza: só quem é feliz pode entristecer. é como um pôr-do-sol. só quem o vê é que pode sentir aquele momento de foi-tão-bonito /mas-já-acabou /amanhã-há-mais /mas-eu-queria-já-hoje..
(...) e não há problema em entristecer. a vida não é um oásis. aliás, só o é para os que se acomodam. para os inconformados, para os que querem sempre mais, há uma constante angústia - boa -, de não ter o suficiente. e não tem a ver com ambição desmesurada, mas sim com a superação permanente das fronteiras do que conhecemos. quando se vive no limite - da alegria, do amor, do trabalho-, descobre-se todos os dias que há novos patamares. como quando se chega ao topo da montanha e se vê outro pico mais alto, na montanha a seguir. claro que pelo meio há um vale.. mas ninguém disse que ia ser fácil. quando se vive assim, sempre que se passa para o limite seguinte, têm-se aqueles momentos de insatisfação, quase paradoxo: 'estou tão bem, mas afinal ainda posso viver mais'. é por isso que nos dias a seguir a uma grande alegria, se sente aquela estranha angústia.. boa.»
» créditos imagem | lis