quarta-feira, 30 de julho de 2014

Pausa*

1. Ir. [ansiosa por voltar aqui]
2. Ler.
3. Ouvir.
4. Comer. [sobre o que comer, ler também este artigo. muito útil e super esclarecedor]
5. Palavras que podiam ser minhas:


«Este vaivém que julho e agosto introduzem (com viagens mais próximas ou longas, tráfegos de vária ordem, alterações ao quadro de vida corrente...) constitui, para lá de tudo o mais, uma espécie de coreografia interior. Dir-se-ia que a própria vida solicita que a escutemos de outra forma. De facto é disso que se trata, mesmo que se não diga. É com esse imperativo que cada um de nós, mais explícita ou implicitamente, luta: a necessidade irresistível de reencontrar a vida na sua forma pura. (...)
Entendemos bem aquele verso de Rilke que diz: «Espero pelo verão como quem espera por uma outra vida.» Na verdade, não é por uma vida estranha e fantasiosa que esperamos, mas por uma vida que realmente nos pertença. Por isso é tão decisivo que as férias, tempo aberto às múltiplas errâncias, não se torne um período errático e vago; tempo plástico e criativo, e não se enrede nas derivas consumistas; tempo propício à humanização, e não se perca na fuga a si mesmo e no ruído do mundo. O repouso é uma oportunidade privilegiada para mergulhar mais fundo, mais dentro, mais alto. É aceitar o risco de sentir a vida integralmente e de maravilhar-se com ela: na escassez e na plenitude, na imprevisibilidade dolorosa e na sabedoria confiante.»*

* O Hipopótamo de Deus - José Tolentino Mendonça