quarta-feira, 23 de julho de 2014

Escolhas

Trabalhar em qualquer lugar, poder escolher entre ficar no recanto branco da minha casa, ou no meu adorado Choupana Caffe, ou passar a ponte e namorar a Casa do Sol e um bocadinho do mar que ilumina o meu sorriso, ou em dez minutos a pé entrar numa espécie de campo dentro da Lisboa que é minha. Sem barulho, quase sem ninguém, só um jazz delicioso, as melhores tostas, os sumos naturais e muitos pinheiros e eucaliptos à volta.
Ou tirar o dia, os dias, para ficar com eles. Poder fazê-lo!
Fazermos panquecas e crepes, rebolar na relva ao lado de nossa casa, fazermos pic-nics com temas de índios e cowboys, apanhar flores e paus para fazer colagens e pinturas, passar a ponte e ir à praia, por uma hora que seja, inspirar o som do mar, trazer sal na pele e areia nos pés. Ir a pé ao mercado e à Conchanata, dizermos bom dia a quem já nos conhece, a quem os mima com os sorrisos e os elogios que merecem. Jogar à bola, passear e brincar com o Sal. Vê-los a inventar os seus mundos as suas brincadeiras e participar delas. Dar corpo a essa imaginação infantil e estimular a atividade, a partilha, a interação e a relação de três crianças com idades tão diferentes, unidas por um Amor pela família, pela confiança, pelo carinho e atenção que lhes dou e que merecem.
Dar-lhes o melhor que tenho: tempo de qualidade, o meu tempo, o nosso tempo e amor. Sei-os felizes. Apesar de tudo e de tanto, felizes.
São escolhas. Das que são feitas com o coração. Entre a segurança de um horário e um valor certo no final do mês e a liberdade total de horários e de um valor incerto no último dia do calendário (às vezes muito mais, às vezes muito menos - poupar é sempre palavra de ordem). Sentir que compensa e que o trabalho que faço fora de horas, quando a casa fica em silêncio e sou só eu e o meu adorado Sal, é o preço-agridoce a pagar por tudo o mais que lhes dou.
Escolhas. Trabalhar a partir de qualquer lugar, organizar, estruturar, dar vida aos sonhos, os meus e os dos outros, conceber projectos, devolver força e fé a quem a perdeu, resumir os meus dias com esta palavra que diz tanto de mim. Saber que tudo leva tempo e que a vida nos ajuda a resolver tudo, num tempo que é o seu.
Confiar. Escolher confiar. Na vida. No (meu) coração. Em nós.

[Às vezes o medo ainda bate à porta. Acho que vai bater muitas mais. Não desistir dos sonhos é a resposta que lhe dou e este saber que não estou sozinha neste confiar, arriscar e seguir o coração]