quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Baralhar e voltar a dar*

Entre o dia 8 de Outubro e o dia de ontem passámos uma fase complicada. Dias que oscilavam entre o muito bom, o grande privilégio de poder estar tempo de qualidade com o meu filho e os dias de "ai meu Deus, para onde me viro, por onde começo, como é que vou conseguir fazer tudo ao mesmo tempo". 
O Martim saiu da Creche onde estava (e estava bem e por nós era lá que continuava) em Outubro. Voltámos a fazer a ronda pelas Creches públicas todas da nossa área de residência. A única hipótese que tínhamos, face a um orçamento que passou a ser espartilhado, face a um salto de fé que decidimos ser altura de dar, era esta: o Martim não podia continuar numa Creche privada. Todas nos responderam o mesmo: não há vagas, tente para o ano, se quiser fazer pré-inscrição pode fazer, há uma lista enorme de meninos à espera e etc, etc. Fizemos pré-inscrições em todas. Não fomos contactados por nenhuma. Até ontem. Ontem foi o dia em que recebi O telefonema. Mudou tudo, muda tudo, vai mudar tudo.
O Martim volta à sua rotina, ao convívio com outros meninos, às regras de todo diferentes das nossas, às brincadeiras, à ginástica, à música, ao inglês, à aprendizagem. Começa com uma fase de transição, como se voltássemos ao zero, primeiro só manhãs, depois tardes, depois o dia todo. Sem pressas, sem urgências, sem mudanças radicais de um dia para o outro.
Ontem foi um dia de sorte. E nós sabemos como a sorte dá trabalho a conquistar, como exige paciência, muita paciência, muita resiliência e um exercício diário de gratidão por parte de quem a sabe certa e para quem a merece ter. 
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* - às vezes é preciso parar, voltar ao zero, para que tudo cresça com pés e cabeça.