Não sei se é a estância de neve mais bonita do mundo, mas é a nossa. Não sei se tem as tradições de Natal mais brilhantes do mundo, mas tem as nossas. Não sei se é o melhor país para viver no mundo, mas é o que guarda as pessoas mais importantes da minha vida, e eu sou tão grata àquele país por tudo o que me deu e por todas as oportunidades que deu à minha querida família quando mais precisaram. Sei que eles não são 100% felizes ali, as saudades do nosso amado Portugal, as saudades de casa, da família que está cá, dos hábitos, dos costumes, da língua, do mar, da luz de Lisboa, dos pastéis de Belém, das queijadas de Sintra, das pequenas coisas que me vão falando ao longo do ano e que daqui a dois dias faço questão de lhes levar para amenizar um bocadinho o aperto que sei que guardam no peito.
Estamos a dois dias do grande dia. Ninguém fala de mais nada, os miúdos estão doidos de alegria (os de cá e os de lá), os meus pais e a minha querida irmã desdobram-se em organizações e planos e mimos para nos receberem e eu, que sinto esta inquietação permanente dentro do coração, esta saudade que nunca dá tréguas, um pequeno vazio que nunca é preenchido, esta falta de quem me completa, estou em versão suspiro há uma data de dias. Suspiro e suspiro e suspiro. Olho para o relógio vezes sem fim, vou riscando a minha lista de pendentes e vou começando a acreditar, mesmo!, que daqui a dois dias vou abraçar, com toda a força da minha saudade, as melhores pessoas que a vida me deu.
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