sábado, 9 de novembro de 2013

Dos Alpes, com amor*



*Uma mão cheia de anos depois. Valeu a pena esperar, acreditar, confiar no Amor.

"As luzes de Natal nunca se apagam. Tradição (mania) do meu pai. Ficam assim até ao dia dos reis. A mesa da desgraça das iguarias está sempre posta, há sempre frutos secos, bolo rei, sonhos, rabanadas (que esta aqui adora comer nos pequeno-almoço natalícios - à laia de lontra Amália, sim senhora), fios de ovos, coscorões e azevias. Há sempre alguém a chegar, há sempre quem passe para cumprimentar e acaba por ficar, há sempre muitos miúdos a correr pela sala, há sempre um brinquedo aqui e ali, há sempre coisas para fazer e conversas que se sucedem.
O silêncio resume-se às primeiras horas do dia, em que sou só eu e o Martim (o madrugador), que acorda e me acorda cedo, toma o seu leite mas volta a dormir mais uma ou duas horas, deixando-me entregue aos meus pensamentos, às minhas leituras e às muitas saudades que tenho do pai... do meu mundo, das minhas coisas, do meu ar. Muitas, muitas saudades."