Há pouco, depois do almoço e antes do pai assumir o comando das operações e fazer a substituição de turno, passeava com o Martim pela Avenida da Igreja. Sentámo-nos a comer um gelado na Conchanata, morango para ele, avelã para mim, fomos ver as montras das nossas lojas preferidas (Lanidor para mim, Loja dos aviões para ele), fomos comprar flores (adora escolher flores comigo), fomos à mercearia das frutas boas, fomos à padaria e fomos para a casa nova esperar pelos senhores da Epal (está quase tudo a postos!).
E enquanto passeava com este amor querido, interiorizava a sorte que ambos temos. Ele, por poder passar mais tempo de qualidade comigo e com o pai. Fica tão feliz que me comove.
Nós, porque podemos dar-lhe mais atenção, alternar os nossos "turnos" e quando estamos com ele estamos mesmo com ele. Brincamos, passeamos, ensinamos, orientamos, mimamos, educamos. A vida forçou-nos a tomar esta decisão e o melhor que podemos fazer é aceitar e aproveitar o melhor que este revés pode trazer. E assim fazemos destes pequenos passeios verdadeiros acontecimentos, que celebram muito mais do que o amor que sentimos uns pelos outros. Celebram a importância que têm estas coisas pequenas que nos tornam tão grandes aos olhos de quem são, no fundo e sempre, sempre, sempre, as pessoas mais importantes do nosso mundo: os filhos.
Ontem à noite, enquanto trabalhava e preparava os conteúdos dos próximos Workshops da Grow, ouvia com atenção, e deleite, o homem que foi considerado um dos mais inspiradores dos últimos tempos. E o que ele diz, naqueles vinte minutos de conferência, é música para os meus ouvidos. Faz mesmo todo o sentido e faz-me sentir uma pessoa de sorte por pensar e agir assim e por, tal como ele, valorizar estas coisas tão mínimas e que, ainda assim, fazem tanta diferença num dia comum, banal, como tantos outros.
Às vezes, nestas voltas trocadas que a vida nos faz dar, há um ponto de luz que ajuda a perceber isto tudo: no fundo é simples ser feliz. O difícil é ser simples.