custa sempre. digo sempre mal da minha vida. fico numa luta gigante. parada no meio da sala, a olhar pela janela e ver noite cerrada (pronto, já não é cerrada, mas é escuro ainda), a roupa de treino em cima do sofá e eu sem vontade de largar o pijama quentinho. fico nisto uns bons minutos.
visto-me contrariada, sempre a dizer mal disto tudo e zangada comigo por ter aceite este desafio. há dias em que juro que a primeira coisa que vou fazer quando chegar ao pé do treinador é dizer-lhe que não estou para isto, que não fiz mal a ninguém para acordar tão cedo e morrer de frio pela aurora. claro que não lhe digo nada. claro que corro e torno a correr e aos primeiros dez minutos, com música e orientação, já só me elogio e fico orgulhosa de ter vencido a preguiça, o mau humor, o frio e as ideias peregrinas de ser magra e saudável apenas com uns truques de magia. era bom, era.