Levar o meu filho ao supermercado. Péssima ideia. E eu já devia ter aprendido. Não que ele se comporte como um pequeno lémure à solta, nada disso. Mas só porque eu não deixo. Vais sentado no carrinho das compras e dali não sai. Até porque imaginar-me a correr pelos corredores armada em Dulce Félix [como já aconteceu], de salto alto e com os bofes de fora [atrás dele e da carrada de pacotes de bolachas que consegue agarrar], não é propriamente uma ideia que me traga bonitas recordações, não senhora. Ainda menos a imagem das pessoas a olharem para mim, feita labrega a ralhar com o miúdo "e não corras Martim, e larga isso Martim, e ai ai ai que a mamã se zanga", e a pensarem "coitadinha da criança, está magrinha e esta velhaca não deixa o menino comer uma bolachinha". Soubessem elas o que eu passo com este pisco para comer...
A questão, voltando à coisa, é que o miúdo parece um bocado maluco cada vez que sai de casa para ir connosco a algum lado. E é só connosco, porque já perguntei à Educadora se ele se porta assim quando fica com ela e vão ao parque, ou outros sítios, e a resposta, com ar de admiração, é que não senhor, um amor de menino. Pronto, então o problema vem deste lado. Martim-Lémure grita cada vez que vê um cão numa embalagem qualquer, ou o gato das Whiskas ou outro espécime do reino animal. Levanta os braços (sempre com um grito em modo som ambiente) numa espécie de hossana nas alturas quando avista uma bendita bola - sendo que - isto não vá algum leitor mais preocupado pensar que o menino não tem nada para brincar, co-habita com umas trezentas e quarenta e três cá em casa. E agora, como se este circo não bastasse, dá-lhe para fazer uma espécie de um grunhido (eh pá, tipo leão, é o que me parece - ou outro bicho qualquer que deve ter visto no Panda) quando alguém se aproxima de nós. E isto é bonito de ver, mesmo muito bonito. Isso e o meu sorriso de Mona Lisa a dizer entre-dentes: filho? meu? qual? quem? onde?
