quarta-feira, 20 de junho de 2012

Hoje

Hoje não me apetece muito pensar nas porcarias da vida e nos pequenos dramas que me vão aparecendo pela frente. Amanhã logo penso nisso. Hoje só me apetece continuar a ter esta certeza de poder ver o meu filho crescer feliz e focar-me nisso. Ouvi-lo falar com a semi-clareza própria dos seus quase dois anos (dois anos! vocês acreditam nisto?). Ver a  sua autonomia aumentar à medida que nos vai mostrando as suas pequenas vontades, ora querendo comer sozinho, ora querendo calçar os sapatos sozinho, ora dizendo sonoros e claros "não quéo" ou simpáticos e carinhosos "paxou mamã, paxou" acompanhados de festinhas e beijinhos (raros, muito raros) fechados em abraços que valem o peso do mundo em ouro. Continuar a adormecê-lo nos meus braços, ouvi-lo chamar por mim assim que acorda, sentir um abraço muito apertado quando se vai embora e outro quando volta para casa, ouvi-lo dizer "oláaa mamãaaa" quando me vê, vê-lo rir à gargalhada com o irmão, babar-me de orgulho quando o vejo a olhar com admiração e um amor único para o pai, vê-lo correr feliz, saudável, cheio de uma energia que não esgota, sentir uma espécie de missão cumprida quando o vejo partilhar, dividir, observar e escutar os outros meninos, a brincar sem medo de nada, a perceber o mundo e a gostar de aprender. Ouvi-lo contar até cinco quando sobe ou desce escadas, dizer as vogais certinhas sempre que começamos uma frase qualquer por "Ah!", a repetir os nossos nomes de forma trapalhona e dizer que se chama "Patim" quando lhe perguntamos o seu. 
Patim. O meu Patim. Este pequenino pedaço de mim que é tanto e é tudo e que me faz decidir sempre continuar a acreditar, mesmo quando o mundo teima em querer convencer-me do contrário.