quarta-feira, 14 de março de 2012

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Deve ser uma dor horrível a perda de um filho. Imaginar a tristeza infinita daqueles pais arrepia-me, deixa-me com um nó na garganta e as mãos levantadas para o céu na esperança de nunca sentir na pele semelhante tormenta.
E no meio de tantas coisas e versões que se ouvem hoje por aqui, há quem conclua que o melhor é ter os filhos sempre por perto, protegê-los ao máximo e, até certa idade, não os deixar, por exemplo, fazer este tipo de actividades, irem para "fora" por tanto tempo, dormirem fora de casa, participar em desportos radicais, etc. Respeito a opinião dos outros e entendo quem fala com a tristeza e o tom de auto-culpabilização por já ter passado por situação semelhante. Mas tenho uma opinião diferente, até porque as desgraças, os acidentes podem acontecer no dia-a-dia mais banal, na rotina comum das nossas vidas e não é, de todo, por protegermos demasiado um filho, por tê-lo, até, numa espécie de redoma, que conseguimos evitar acidentes.
E um colega dizia, e com muita razão, que estes pais vão viver permanentemente com o peso da culpa por terem deixado os filhos sair "debaixo da sua asa". E vão esquecer que o que fizeram foi o expectável: deixar os filhos, que não são nossos (mas do mundo, como disse Saramago) viver da forma mais feliz (e livre) possível.