sábado, 21 de janeiro de 2012

Eu-sou-dramática/Eu-sou-dramática/Eu-sou-dramática/Eu-sou-dramática

E devia escrever isto aqui umas 500 vezes como TPC, para ver se interiorizava a coisa e passava a ser mais zen no que diz respeito ao meu filho. Atentai nisto:

 - estava a boa desta que vos escreve na cozinha (where else) a preparar o lanche de filho-bom-da-minha-vida e eis que, num nanosegundo de distracção, a falar ao telefone com aquele que hoje me deixou verde de inveja por causa da descrição do tempo em Lisboa, Dom Martim aproveita-se da situação e toca de abrir o armário proibido (mas mal  trancado) e pôr à boca um frasco de detergente. Só o ouvi cuspir e levar a mão à boca para limpar, com uma grande careta, e só.
Eu, bem nem sei, fiquei em pânico geral. Atiro com o telemóvel, agarro nele, assusto-o com o meu pânico, estava-se mesmo a ver, quase que ponho o miúdo de cabeça para baixo na torneira do lava loiça, litros de água, e bebe filho, e ai meu Deus o meu filho, e estúpida que sou, ó mãe já te tinha pedido para tirares aquilo dali, mas porque é que mexes em tudo filho, ai a minha vida, ai mais isto e mais aquilo, e o miúdo a olhar para mim com cara de "quem és tu? sai desse corpo que não te pertence" e do mais impávido e sereno sem manifestar sintoma nenhum.
- ligo para as urgências, tinha de ser EU a explicar, porque EU é que sei, e em francês (estão mesmo a ver o filme, não estão). Lá me safei, pelo menos deram-me uma resposta que entendi e lá segui as orientações: muita água, leite, perceber se fica sonolento ou com vómitos e manter a calma.
- manter a calma? pois sim, claro, como quem diz: que agora baixe em ti o Mahatma Ghandi e pratiques thai chi durante as próximas horas. Não mantive. E andei feita barata tonta de volta do miúdo, que já não me podia ver à frente com tanta água e só descansei horas e horas depois. Quando tive a certeza que estava bem.
Ainda não tenho. Mas ele dorme, sossegadinho, andou bem disposto, fez a vida dele normal, entre brincadeiras e correrias, tonterias e muito chatear os cães, jantou e adormeceu. Tudo normal, nada de estranho. Só eu é que estou aqui em pré-síncope. Mas eu, bom, eu já sabem como sou no que toca ao Martim: peco por excesso. E não há nada a fazer.