E assim vai a vida nos Alpes

Amanhã, pela aurora, toca-me ir levar os miúdos todos à escola. A escola das meninas é pertinho, a do meu sobrinho traquinolas é mais longe. Até aqui nada de especial, não fosse o facto, surpreendente, de estar a nevar consecutivamente há três dias (coisa rara, raríssima, na cidade - nas montanhas é o prato do dia, mas cá em baixo é muito raro acontecer um nevão como este), de, ao amanhecer os senhores que limpam as estradas ainda não terem terminado os trabalhos de limpeza e, me-do, muito medo, o meu pai, exímio condutor, ter hoje perdido o controlo do carro, fazendo-o rodopiar sobre uma placa de gelo e enfaixando a traseira num belo poste.

Acho que vou sair práí com uma hora de antecedência, para ir muuuito devagarinho e garantir a segurança dos meus princípes todos. E a minha, já agora.

E um dia destes vou ter de aprender a pôr as correntes de neve na carrinha. Eu, que não sei trocar um pneu. Vai ser lindo, vai. Definitivamente, é tudo muito lindo, e muito branco, e de muita paz e esquilos e lai lai lai, mas para umas belas férias.
Eu não nasci para viver neste ártico.
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