Era meia noite em ponto e eu cantei-lhe baixinho os parabéns. Só eu e ele, aconchegado no meu colo, encostado ao meu peito, a ouvir o bater deste meu coração que suspira de amor, tanto amor, de alegria, e de uma imensidão de emoções por este pequenino ser. E chorei. Claro que chorei. Lembrei-me de cada detalhe daquela longa noite. Revi com ele cada passo, cada dúvida, cada medo, cada lágrima, cada hora de espera, cada dor, cada abraço do pai, cada beijinho na barriga, cada "vai correr tudo bem" [mesmo quando parecia que não ia correr nada bem], cada oração, cada ansiedade para que fosse já, para que o pudesse abraçar e não mais largar. E voltámos 1 ano no tempo, os dois, no silêncio do nosso cantinho. Ele a dormir, na serenidade dos sonhos, eu a chorar, de emoção, de lamechice de mãe-galinha e de alegria por ter a sorte de o ter comigo e de ser tão feliz.
Hoje vai ser um dia perfeito. Sei que sim. Estão cá todos. Os que me amam mais que tudo na vida, os que amam e adoram o Martim. E sei que vou voltar a chorar, claro que vou. Quando chegar a hora de lhe cantar os Parabéns, de soprar as velas, de vê-lo bater palminhas, sem perceber bem o que se passa, mas feliz por ver tanta gente a sorrir, a cantar e a desejar:
- Feliz Aniversário Martim. Que sejas sempre muito, muito feliz.
