terça-feira, 29 de março de 2011

É p'ra amanhã [bem podias fazer hoje]

"hoje quero preparar-me,
quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
ele é que é decisivo.
tenho já o plano traçado; mas não hoje, hoje não traço planos...
amanhã é o dia dos planos.
amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
mas só conquistarei o mundo depois de amanhã."
fernando pessoa, in adiamento

Procrastinar. É mais ou menos isso. Mais ou menos o que faço quando não me apetece mudar alguma coisa. Quando não tenho vontade de tomar uma decisão. Porque sei que o que vem a seguir [acho que sei] e sei que não me agrada. E eu até gosto de mudanças, de coisas novas, da diferença e da não-rotina [apesar de existirem rotinas boas, que se afiguram como um equilíbrio no carroussel que é a vida]. Mas eu tenho alguma tendência para procrastinar. Tenho. Admito, reconheço, faço mea culpa. E sei que ando há algum tempo a adiar uma decisão. Quase a adiar um destino. Ai que exagerada! Sim, também sou. Outro defeito.
Mas não falava disso. Falava de procrastinar. E tudo porque já sei o que aí vem [acho]. Porque não tenho a certeza se já aprendi a ser impermeável a algumas pessoas situações, a emoções que não conheço, que não domino, e que, segundo dizem, me vão causar dor. Vão? Então vou continuar a conjugar o verbo procrastinar. Pelo menos até amanhã. Nesse dia tomo a decisão. Mas hoje ainda não.
Preciso de mais tempo.