sexta-feira, 24 de setembro de 2010

The One - pela Marianne*

Andamos anos a bater com a cabeça em paredes. Paredes que, muitas vezes, chegavam disfarçadas de nuvens, algodão puro, tudo calma e serenidade, para depois se revelarem paredes de betão armado, capazes de nos pôr nos Cuidados Intensivos meses (anos?) a fio.

Depois das paredes, a desconfiança. O descrédito. O desânimo. Julgar que nunca se vai encontrar a tal pessoa, a nossa pessoa, a pessoa que olha para nós e vê o mundo. Bola de neve. Nada parece suficientemente bom, nós não somos suficientemente merecedores desse pedaço de céu chamado amor correspondido. Achamos que vamos ficar sozinhos para sempre. Que seremos sempre o número ímpar em todos os acontecimentos pares. Que seremos sempre a "coitadinha, está sozinha, não consegue arranjar namorado", como se "arranjar namorado" fosse uma acção digna de mérito. Não é. Arranjar namorado não é nada. É vazio. O que importa é encontrar aquela pessoa que põe o nosso mundo nos eixos, que faz tudo ganhar sentido, que preenche cada espaço, cada momento outrora oco.

A tal pessoa é sempre a pessoa que nos muda a vida. Que nos muda tudo. Que faz a diferença. Se aparece uma pessoa e tudo é igual... não é A Pessoa. Quando ela, a tal, The One, aparecer, vai mudar tudo no nosso mundo. Agita-nos as entranhas, põe tudo em perspectiva, cala-nos as dúvidas, acicata-nos as certezas. E de repente, sem se perceber muito bem porquê, tudo desata a fazer sentido. Mesmo as paredes em que andámos anos a bater com a cabeça. Até essas passam a ter um propósito: existiram para que hoje pudessemos chegar aqui e ver que nada do que temos se assemelha a uma parede.

É uma nuvem. Algodão puro. Amor correspondido. E vale a pena acreditar. Mesmo que agora apenas e vejam paredes (e mesmo que elas estejam mesmo a pedir umas cabeçadas).

* - porque diz tudo o que me apetecia divagar hoje sobre o Amor. o grande Amor. o meu.