sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Da psicologia que todos deviamos aprender [ou a crónica estúpida que anda nas bocas do mundo] - pela Pólo Norte*


Não gosto de gajas da Covilhã. Não que conheça muitas mas, infortúnio da minha vida, duas apenas valeram-me esta generalização.
E não gosto de Susanas, Veras Lúcias nem de Zés. Acho os informáticos todos tantans, não suporto gajos que conduzem Mercedes e quando olho para alguém a quem lhe falta uma tecla na cremalheira desconfio sempre. Acho que os homens algarvios são imaturos, impotentes e totós. E tendo a não me entender com pessoas de signo carneiro. Sempre que vejo uma mulher de cabelo curto e de colete largueirão fico a achar que é lésbica.

Por outro lado tenho uma simpatia natural por gente que usou botas ortopédicas em criança. Acho que os Nunos são bons na cama. Adoro as pessoas de signos de água, excepto os homens caranguejos que são uns idiotas. Acho que amigos bons deviam-se chamar todos Catarinas, Xanas e Gonçalos. Acredito que psicólogos infantis dão excelentes maridos. Que os açoreanos são todos generosos. E que as pessoas que estudam Filosofia são as mais inspiradas, no matter what.

Quando generalizamos alguma ideia, ela transforma-se numa norma de pensamento e conduta, mas (thanks God!) admite excepções (hey, gajas decentes da Covilhã revelem-se!). Quando a generalização se transforma em preconceito, não há argumento ou acontecimento que consiga alterar a ideia inicial, a ideia pré-concebida. Não admite excepções porque se cria uma regra abosoluta.

As generalizações são muito úteis nas nossas vidas. Algumas até nos fazem sobreviver. Um exemplo é o dos cogumelos. Regra geral, não como cogumelos. São perigosos. Alguns são venenosos. Outros alucinogéneos. Alguns chegam a matar. Mas um spaghetti carbonara sem champignons fica desprovido de qualquer sentido.

Já os preconceitos nem por isso. Todos os pensamentos, sentimentos e acções baseiam-se em generalizações que não admitem excepções. Não é algo que se consiga evitar, mesmo que toda a lógica indique que a análise feita sobre o assunto não corresponde à realidade. É como me sinto em relação à Margarida Rebelo Pinto. Não é possível que não exista sequer um texto dela que não seja de jeito. É o que diz a lógica. Ainda assim, recuso-me a comprar-lhe os livros.

Eu sou mais de generalizações. O texto que lemos é, todo ele, assente num preconceito. É isso que nos distingue: a mim e à Margaridinha. Eu só tenho um preconceito: o das escritoras loiras, magrinhas e com ar de snobs - acho-as todas poucochinhas.