quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Eu acredito que educar não é tarefa fácil

Mas que lógica é que tem dizer a uma criança, que está a fazer uma birra gigante, "Pera aí que vou já chamar o teu pai!"? A sério, há coisas que não entendo e para as quais, com o aproximar da hora M, estou mais sensível e atenta.

O cenário é este: no supermercado. Mãe e filha [menina com não mais de 3 anos]. A filha insistia que queria um doce qualquer. A mãe dizia, repetidamente, que já tinha daqueles doces em casa e que agora iam jantar e que depois do jantar lhe dava e mais blá, blá, blá, uma conversa longa onde entravam bichos e papões que lhe comiam a língua se ela insistisse em comer agora o doce.
A miúda insistia, começou a chorar, a mãe não ligou, a miúda aumentou, muito, o volume. A esta hora todo um supermercado ficou a olhar, porque gritava mesmo muito alto que queria e queria e queria o tal doce. A mãe deixou de responder, a miúda atira-se para o chão, começa a bater com braços e pernas e a gritar. A mãe continua a vida dela, faz as compras e só lhe diz "Maria [ou outro nome qualquer] eu já te avisei que não comes isso agora. E se continuares a gritar vou chamar o teu pai e levas duas palmadas."

Não entendo várias coisas. Mas a que entendo menos e que acontece com frequência à minha volta é assumir, incutir e fazer sentir a figura do pai como o mau da fita, o que impõe o respeito e a ordem e a educação, à custa de umas palmadas, uns berros ou uns castigos.

Digam-me que eu ainda não percebo nada disto, que esta é uma prática corrente e que não tem mal nenhum, que eu vou fazer o mesmo com o Martim [duvido, a minha mãe e o meu pai não nos educaram desta forma] e que assim é que faz sentido educar uma criança.

Eu vou continuar a achar que o papel de educador, orientador, formador, no limite "corrector", caberá sempre à mãe e ao pai, em igual medida. E que fazer do pai o bicho papão, que dá tau tau e que põe os meninos de castigo, não é, na minha opinião, a melhor forma de educar uma criança e de a fazer perceber quando está certa ou errada.

Será que a criança ganha, dessa forma, respeito ao pai? Ou será medo? E a mãe? Como é que a criança olha para a mãe? Que papel lhe atribui?