quinta-feira, 8 de julho de 2010

Por falar em mundo real

Dizia-me hoje o senhor do café "devia haver uma lei que proibisse as grávidas de trabalharem. E se não fosse a gravidez toda deviam parar aos 6 meses, que já andam com uma barriga de bicho que impressiona e não se conseguem mexer para nada".

Hum? Bem, não sei se isto da "barriga de bicho" era uma boca aqui para a mamã-lontra ou se o senhor estava enervado logo de manhã, coisa que eu compreendo, porque isto das hormonas é lixado e nos homens a tal coisa da testosterona também ataca em força. Enfim, devaneios à parte, o certo é que eu não concordo com o senhor, e disse-lhe. Eu morria de tédio se estivesse em casa sem fazer nada. Só se tivesse mesmo de ser, por razões médicas, que pusessem em causa a minha saúde e a do meu pequeno texugo. Caso contrário não senhor: acho bem que as pré-mamãs trabalhem, que continuem a sentir-se úteis, produtivas e um activo válido que não deixa de o ser só porque carregam uma vida dentro de si. Espero, mesmo, que tudo continue a correr como até aqui e que possa trabalhar até ao último dia desta condição soberba. Que só na altura em que as águas rebentarem eu possa interromper uma reunião ou uma entrevista para dizer: "meus amigos, adorava continuar por aqui, mas outros valores se levantam".

Talvez o senhor do café seja daquelas pessoas que pensam que gravidez  é doença [como algumas mulheres pensam] e que as grávidas não devem fazer nada e tal. Não, para mim não. Gravidez é sinal de energia a duplicar, de genica que começa mais cedo (a minha é às 7 da matina, e às vezes às 6!) e uma vontade enorme de abraçar o mundo todo. Se a conversa fosse sobre a licença de maternidade, aí o caso muda de figura, mas deixar de trabalhar só porque estamos grávidas não é para mim.