quinta-feira, 1 de julho de 2010

Mas depois, existe Ele

Que nos dias em que me sinto mais ansiosa, nervosa, estranha, estupidamente chorona, feia, redonda, enorme, a morrer de calor mesmo com o ar condicionado no máximo e tudo à minha volta prestes a congelar, a resmungar porque os tornozelos incham, porque não consigo dormir, porque tenho fome [tenho sempre fome], porque tenho sede, porque tenho derrames, porque as estrias me invadem, porque o peito aumenta em cada dia, porque insisto em comprar vestidos na Zara e acho que nada me fica bem [e não fica mesmo], porque acho que não vou ter força para ajudar o Martim a nascer, porque não sei como é que vou conciliar o trabalho com a maternidade, com as viagens, com a vida, porque o trânsito me enerva [e só o Pedro Ribeiro e o Vasco Palmeirim me fazem rir logo de manhã], porque voltei a enjoar chocolate, porque me apetecem coisas estranhas, como gengibre à dentada, porque sim e porque não!!!!...

E Ele,
Ele tem sempre a palavra certa, no momento certo. E diz-me sempre que sou a mamã mais bonita do mundo, que vai correr tudo bem e que no dia "D" a força vai chegar, vinda não se sabe de onde, nem se sabe como, mas chega. De certeza. E estas palavras acalmam o meu coração aflito e ansioso e fazem-me acreditar que sou uma sortuda por tê-lo ao meu lado, por saber de histórias de mulheres que passam por todas estas ansiedades e dúvidas de primeira viagem sozinhas, porque há maridos/pais que não acompanham, não se interessam, não querem saber da partilha de um momento tão especial como a gravidez.

Deve ser duro passar uma gravidez sem ter alguém ao lado, a apertar a nossa mão, a dizer que vai correr tudo bem. Sem ter alguém que goste de nós e nos entenda e nos oiça com a maior paciência do mundo, mesmo quando nos repetimos com as mesmas dúvidas e medos todos os dias.