domingo, 4 de julho de 2010

Eu também não tenho paciência para o "vai-se andando"

"É uma coisa estranhíssima esta de gostar de ser chato, de fazer gala em andar tristonho ou mal-disposto, de dizer mal de tudo e culpar o mundo pela nossa tristeza. O tuga é um ser depressivo por natureza, prefere suspirar a respirar, andar de orelha murcha a levantar a cabeça, arrastar os pés a caminhar num compasso seguro. Mas está no sangue do tuga, ou no ADN, ou onde vocês quiserem, faz parte da nossa cultura." Crónicas da Margarida Rebelo Pinto

Não gosto de pensar que isto seja uma questão estrutural dos portugueses, mas o certo é que a maioria das pessoas responde sempre com um "vai-se andando" à pergunta "tudo bem?". E se arriscamos continuar com "vai-se andando? mas passa-se alguma coisa?" toca de fazer desfilar um rol de queixas que incluem sempre o governo, o tempo, os filhos, o marido, o emprego e as pessoas no geral. Confesso: não tenho paciência para quem não gosta da vida que tem e nada faz para a mudar, além de se queixar, e vê o copo sempre meio vazio.