quinta-feira, 22 de julho de 2010

E eu, quando era pequenina, tinha assim uma ligação especial com o meu pai. Admirava o mundo em que ele vivia, diferente dos pais das outras meninas. Imaginava as mil coisas que ele conhecia nas viagens que fazia e dizia que um dia queria ser igual a ele. E o meu pai foi sempre o elemento mais próximo de mim e da minha irmã, o responsável por incutir em mim a vontade imensa de aprender, de ir mais longe do que ele foi, de conhecer o mundo melhor do que ele conheceu, de amar a música, de ir atrás dos sonhos e de nunca, nunca mesmo nunca, desistir de nada que eu quisesse muito.
A minha mãe era uma espécie de diva e nós tinhamos uma admiração quase cinematográfica por ela. Pelas roupas, pelos penteados, pelas maquilhagens, pelas coisas giras que trazia das viagens, por ter vivido durante muito anos num mundo de glamour. E por ter sido o pilar da família em todos os momentos. [Não o são todas as mulheres? ;)]

Com o passar dos anos os papéis foram-se invertendo e a mãe passou a ser a figura central da nossa vida. Mais próxima, confidente, que encobria as nossas saídas do pai mais rigoroso com as meninas e que nos orientava e esclarecia em todas as dúvidas típicas do crescimento.

O amor, por um e por outro é igual, mas a idade foi-me aproximando mais e mais da mãe, que hoje além de mãe e amiga é uma avó babada que se dedica aos netos incondicionalmente. Diferente da forma como foi connosco. Talvez aí resida a grande diferença entre a mãe e o pai. Os meus.