quinta-feira, 4 de março de 2010

Eu devo ser má, muito má

Talvez este tema me cause mais urticária do que ao comum dos mortais, porque ele me é mais familiar do que gostaria. E talvez por isso reaja sempre aos comentários de uma forma tumultuosa, intempestiva e generalista. Mas se há coisas com as quais eu não sei lidar, há algumas que lideram uma lista que abomino: a falta de amor próprio, auto-confiança, auto-estima e anulação.
E juro que aceito que me digam que estou a ser má, fria, altiva, mas eu não entendo como é que me podem chamar de insensível quando pergunto a alguém "mas porque é que não o deixas???", depois desse alguém, entre choros e lamentações, olhos negros e cicatrizes várias, me diz "oh, é verdade que ele me bate muitas vezes, mas é porque bebe e perde o controlo... mas depois arrepende-se e chora muito e eu tenho pena dele e preciso de o ajudar... e não sei o que fazer".
Não, eu não acho isto aceitável. Não, eu não acho isto normal e três anos de tareias consecutivas e pazes e tareias e mais pazes e mais tareias, à frente de seres que não pediram para nascer, muito menos assistir a cenas deploráveis, deviam ser mais do que suficientes para seguir em frente sozinha. Sozinha não, porque a partir do momento que se tem um filho, mulher nenhuma está sozinha neste mundo.
Desculpem o desabafo, mas hoje, por causa deste assunto, não estou para amar. E hoje, por causa deste assunto, entendo o que uma amiga me disse há muito tempo: "serás sempre mal interpretada quando quiseres ajudar alguém que não quer ser ajudado". E, por mais que me custe, eu acho que ela tinha razão.