terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Agora a sério

Digam-me que vocês, tal como eu, não acreditam que um filho salva um casamento. Vocês digam-me que as mulheres deste século já não pensam assim e que jamais seriam capazes de engravidar para prender alguém nas vossas vidas. A sério, digam-me que se alguém que vocês conhecem, à beira de um esgotamento cerebral, emocional, vísceral e transcendental, vos dissesse que vai engravidar porque o marido lhe pediu um tempo e a seguir o divórcio, vocês lhe diriam, tal como eu, que a vida continua, que homens e amores há muitos e que jamais aceitariam ficar com alguém que não quisesse ficar convosco, muito menos implorariam o seu amor usando como moeda de troca um filho. Digam-me que não sou só eu a pensar assim e a achar que este é um acto egoísta, mesquinho, da maior prova de falta de amor próprio, sem princípio, meio e fim. Aliás, fim tem, é que o marido pode até reconsiderar, pode até ficar "no casamento", pode até dar uma outra oportunidade, mas quando as coisas chegam ao ponto de alguém querer pôr um ponto final na relação e não põe, mais cedo ou mais tarde volta à decisão que tinha tomado e volta às razões que o levaram a querer sair daquela relação. Passe o tempo que passar.
O fim é algo doloroso de ultrapassar. É. Quem não passou ainda por uma situação difícil de desgosto e desespero? Mas o fim é sempre mais fácil (se assim se pode considerar), quando procuramos ser coerentes com aquilo que são os nossos valores e princípios. Para quem os tem, claro. E querer ter um filho para salvar o casamento, por uma questão de egoísmo, está literalmente fora de todos os princípios e valores que conheço.