terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Não é bem assim, pois não?

Tenho uma colega nova, espanhola. Até aqui tudo normal. Acontece que a minha colega da terra das paelhas (ai tão bom!), ontem, deixou-me assim a modos que desconfiada, vá. No meio de uma conversa sobre o Natal, as iguarias do Natal, ah e tal (dizia eu e a B. quase em sintonia, coisa rara) que engordo sempre e os sonhos e as filhós e o malvado do bolo rei, sou menina para comer um inteiro, ai as fatias douradas, ai tudo e mais alguma coisa que só de pensar já engordei, diz-nos o seguinte com o maior ar de Mona Lisa: "Pois olhem, chicas, eu tinha mais 17 kilos do que tenho hoje e emagreci em três meses sem fazer nada" e nós, de boca aberta, "Nada?", "Nada, não fiz nada. Comecei a engordar e, com a mesma faclidade com que engordei, emagreci. E tudo sem esforço nenhum, como que nem um abade, janto sempre tarde, como porcarias e emagreço".

E eu, verde de inveja, que só de olhar para a montra da pastelaria do lado engordo quatro kilos assim, pumba já está, pus-me cá a pensar: mas que sorte é esta das pessoas que não engordam com nada, que podem devorar uma Hussel inteira e que dizem com o ar mais cândido do mundo "ai eu emagreço cá com uma facilidade, ainda na semana passada comi 14 caixas de chocolates Godiva e emagreci sete kilos, assim, do nada". Desconfio que não é bem assim e admiro muito mais as outras mulheres que assumem que, depois de engordarem 17 kilos (por causa da gravidez, de uma depressão, ou só porque sim), tiveram de se esforçar, fechar a boca, fazer ginástica, tratamentos estéticos e afins para voltar à forma que, cheira-me, não volta assim por magia, mezinhas e obra do nosso senhor, pois não? digam-me que não, nem que seja por solidariedade, sim?