"E por aquela madrugada fora, que pareceu uma eternidade, o que eu gritei filha! Não querias nascer nem por nada. Já chamava nomes às enfermeiras que não me davam nada para as dores, já gritava socorro, dizia mal do teu pai, da tua avó, da minha vida... enfim, ao meio dia e dez minutos daquele dia de inverno muito frio, mas com muito sol lá fora, decidiste vir ao mundo. E eras muito chorona e só querias colo. E a mim parece-me sempre que foi ontem."
E todos os anos, no dia 16 de Dezembro, a minha mãe liga-me ao meio dia e dez, em ponto, para me contar a mesma história, com os mesmos detalhes, a lágrima que se ouve e voz trémula que só as mães têm. E aquele amor incondicional que uma mãe sabe fazer sentir tão bem, mesmo a muitos kms de distância. E um pai também, o meu. Este ano vai ser especial, porque estou cá, com eles, e porque ao contrário dos outros, que passei longe, vou poder sentir a força daquele abraço que é meio caminho andado para que um novo ano de vida se inicie da melhor maneira possível: a sorrir e a celebrar, com quem nos ama incondicionalmente.