quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

E depois ninguém tem respostas, ninguém sabe responder a nada. Só me dizem "é mais comum do que pensas", "há mais mulheres com cancro do colo do útero do que provavelmente imaginas". Pois, é que não imagino, nem quero. Muito menos quero ouvir frases como esta, muito menos quero saber que a minha amiga, com 30 anos, faz parte da percentagem ínfima de mulheres com menos de 50 anos afectada com esta doença. E muito menos ainda quero saber que pouco há a fazer no caso dela. Como? Como é que é possível? Ainda ontem ela estava bem, sorridente, cheia de planos, feliz por tudo começar finalmente a fazer sentido, feliz porque agora a vida lhe fazia sentido e, do nada, surge uma filha da mãe de uma doença e ainda por cima irreversível? Não, eu não quero ouvir nada disso e quero respostas, algumas pelo menos. Por exemplo, hoje quero saber como é que a 2500 kms de distância digo alguma coisa de jeito à minha amiga, como é que a esta distância lhe dou a mão, lhe injecto um optimismo utópico nas veias e a obrigo a viver os melhores dias da vida dela, até ao derradeiro.
Hoje é só isto que eu quero saber.
* - é bom que tenhamos cada vez mais consciência que estas coisas não acontecem só aos outros, e que a vacinação é um passo gigante para prevenir. Todos os dias há menos uma mulher no mundo, por causa do cancro do colo do útero.