quarta-feira, 18 de março de 2009

Relações a 4

Há uns tempos atrás tive uma relação com um rapaz que tinha (tem) um filho. Este pequenino príncipe, de 6 anos, lindo de morrer, conquistou este meu pequeno coração. É um miúdo daqueles que uma pessoa se apaixona logo! Muito meigo, super bem educado, cheio de energia, divertido, gostava de conversar sobre as coisas dele da escola, os amigos e as amigas, fazia-me imensas perguntas e gostou logo de mim, sem resistências, sem reservas, de uma ternura que me derreteu.
Éramos grandes cúmplices e quando a minha relação com o pai terminou, a minha paixão pelo pequeno príncipe ficou. Morro de saudades dele e muitas vezes dou por mim, perdida em pensamentos, a pensar naqueles olhos castanhos de mel e naquela gargalhada que me fazia acreditar no lado bom da vida e das pessoas.
Confesso que o final da relação se arrastou um pouco mais pelo amor a este pequenino guerreiro do meu coração. Tinha tanta pena (e não gosto nada desta palavra...) da situação (como tenho de todas as crianças filhas de pais divorciados), e não queria ser mais uma que passou na vida dele, pelo que, em momentos de discussão e desentendimento, respirava fundo e acreditava sempre que, um dia, o objecto mais directo da minha permanência ali, ia mudar, iamos ser felizes (como tinhamos prometido tantas e tantas vezes) e este pequeno príncipe faria para sempre parte da minha vida.
Para sempre é muito tempo, já aprendi.
Custou-me muito a separação (dos dois), mas tive de pôr um ponto final, porque o meu amor próprio falou mais alto. Hoje, quando oiço histórias de outras pessoas que se apaixonaram por homens ou mulheres que já têm filhos de outras relações, inevitavelmente penso no meu pequeno príncipe. E sei que não é fácil viver este tipo de relação, a quatro. Há sempre situações constrangedoras (sobretudo quando o pai e a mãe não têm a melhor relação do mundo...), há sempre a vontade de ajudar a encontrar a paz (e é quase sempre impossível, também aprendi) e há muitos momentos de amargura, momentos em que desejamos que tudo fosse normal, se assim se pode dizer.
Hoje pouco sei do meu pequeno príncipe. Vou acompanhando o crescimento dele através de fotos. Continua lindo, com aquele sorriso enorme e aqueles olhos de mel. Continua a transmitir aquela confiança que um dia tudo vai ser assim: "O amor verdadeiro começa lá, onde não se espera mais nada em troca" - ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY.