quinta-feira, 12 de março de 2009

Os homens estragam (quase) sempre tudo?

Há dias fui ao cinema com um amigo meu. É um ritual que já temos há algum tempo, jantamos sushi e vamos ao cinema, tipo uma vez por semana.
É um amigo de longa data, que eu adoro, é amoroso, um querido, que gosta de mim há imenso tempo, mas eu nunca lhe achei piada, aliás, nunca lhe achei aquela piada que vai além da amizade. E devo dizer, em abono da verdade, que é um moçoilo de sonho: muito giro, querido, cavalheiro, perfumado (o que para mim é um must num homem), culto (idem), inteligente, com um sentido de humor raro (idem), cheio de histórias das imensas viagens que faz (idem), sabe cozinhar (idem)... ou seja: perfeito demais!
Bem, adiante, que não era sobre nada disso que eu ia escrever, isso fica para outro post (a perfeição imperfeita dos homens).
Então, lá fomos ao cinema, pusemos a conversa toda em dia, combinámos ir em Abril a Amesterdão (cá está, outro must) e, no final da noite, quando vem trazer a princesa a casa eis senão que, completamente out of the blue, me prega um beijo. Na boca, pois claro, se fosse na cara ou na testa era normal. E eu, meio incrédula, a olhar para ele com cara de pescada cozida e sem saber o que dizer ou fazer, sorrio (e é sempre isto que eu faço em situações de SOS, tipo houston we have a problem) e penso: este gajo deve estar a viver na lua ou em marte, ou numa realidade alternativa, porque eu não me lembro de ter dado nenhum sinal tipo é-agora-ou-nunca-dá-me-já-um-beijo.
E então, o meu amigo querido do coração, fecha com chave de ouro (sinta-se o sarcasmo) esta brilhante e hilariante e dramática cena dantesca:
"desculpa, não era nada disso que eu queria fazer...".
E eu penso: ai não? Então pá? Estás maluco ou esqueceste-te de tomar os comprimidos? Mas não digo. Conversámos sobre o que se passou e chegámos (fi-lo chegar!) à conclusão que gostamos muito um do outro e que isto não vai pôr em causa a nossa amizade e cumplicidade.
O certo é que dei por mim a pensar.. ele pode ter estragado aquele momento porque me surpreendeu com algo que eu jamais esperaria dele, mas fez-me pensar em como era bom para mim ter alguém assim na minha vida, que me quisesse proteger, cuidar e mimar. E que gosta de mim só porque sim.