quinta-feira, 5 de março de 2009

Acompanhante de luxo

Confirmei hoje um feeling que já me acompanhava há um tempo (por várias razões): tenho uma amiga que, no passado (há 10 anos) foi acompanhante de luxo. E esta "confissão" foi-me feita pela própria, o que me fez, desde logo, pensar em duas coisas em relação à minha amiga:
1.) - É uma mulher de coragem por ter partilhado comigo a sua história, embora a medo, e com medo de perder a nossa amizade. Quantas e quantas histórias estamos fartos de ouvir de pessoas que tomam este tipo de opção de vida e que nunca comentam com ninguém, exactamente pelo pesado preconceito que tal caminho ainda tem na nossa sociedade?
2.) - Quando gostamos, a sério, de alguém o medo é o nosso principal inimigo, bloqueia as nossas acções, faz-nos agir de forma estranha e completamente descontrolada.
Podem ter a certeza de que o que vos vou dizer/escrever é exactamente o que sinto: nada mudou dentro de mim em relação à minha amiga. Gosto muito dela, da essência dela e isso não muda, nem vai mudar, por saber que no passado (presente ou futuro) toma decisões diferentes das minhas.
Nunca acreditei no ditado "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és" - nem a minha avó acreditava nessa parvoíce - mas sei que há muita gentinha que pensaria logo duas vezes em continuar com esta relação de amizade - até as consigo ouvir, com os meus poderes de telepatia - "ah e tal, vê lá, porque as outras pessoas podem vir a saber e, como amiga dela, achar que tu também fizeste o mesmo... ah e tal, tendo feito uma coisa dessas (parece que falam de crimes contra a humanidade!!), pode não ter um grande carácter...".
O que é certo é que a minha amiga vai sempre continuar a ser a minha amiga. Ponto.
Depois, tenho facilidade (e flexibilidade) em seleccionar tudo o que de bom as pessoas aportam na minha vida, relativizando aspectos menos positivos - ainda que não considere a opção da minha amiga um aspecto menos positivo - foi uma opção e, tal como eu lhe disse, no momento decidiste de acordo com os elementos que tinhas.
Arrependimentos? Quem os não tem? Telhados de vidro (mais uma vez) quem os não tem? Decisões difíceis na vida, quem não teve um dia de as tomar? E caminhos fáceis só conheço dois:
- O dos futebolistas - ou melhor, o das mulheres dos futebolistas, (falo da regra, porque como em tudo também há excepções), porque os futebolistas (os bons, os medianos e os CR's) têm se esforçar muito e dar muito às pernas para aos 23/25 anos poder não fazer mais nada na vida.
- O dos meninos dos papás - que nasceram com o dito virado para a lua, não sabem o que é ter de acordar every single (fucking) day às 7h da matina, ter marrado durante 5 (duros) anos num curso superior e que o mais certo é não ter grandes saídas porque-o-mercado-está-para-lá-de saturado-e-o-governo-não-está-nem-aí e ter de ser muito criativo e lutar ainda mais para alcançar o merecido (digo eu) lugar ao Sol.
Em jeito de ponto final:
- as pessoas valem, simplesmente, pelo que são e não, ostensivamente, pelo que fazem.