quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O meu orgulho

O maior orgulho da minha vida é a minha irmã.
Sempre tivemos uma ligação muito próxima, de muita protecção mútua e muita cumplicidade. Eu era a mais certinha, a mais estudiosa e a que quis ir mais longe. A mana era a mais divertida, a mais extrovertida e a que nem queria pensar em estudar "para quê?" dizia ela.
A vida fez-nos viver separadas a partir dos meus 18 anos, altura em que entrei para a faculdade e deixei os meus pais e mana em Lagos para vir para Lisboa estudar (somos todos lisboetas, mas vivemos no algarve - com muito orgulho e muita alegria - durante 10 anos). A partir daí cada uma traçou o seu caminho: o meu no meio dos muitos calhamaços de Direito, de trabalhar e estudar, de viver numa república de estudantes universitárias (que foi uma escola para a vida) e de apenas (mesmo) me dedicar exclusivamente aos estudos. A mana terminou o secundário e quis trabalhar (aliás, sempre trabalhámos no Verão para juntar dinheiro para as nossas roupas e afins) e é assim até hoje.
Nestas mini-férias nos Alpes (onde os meus pais e a mana vivem), dei por mim a fazer um balanço... a minha linda mana tem uma vida fabulosa, tem três bebés lindos, que eu amo tanto, tem um trabalho de que gosta muito, vive num paraíso e é feliz.
Eu... eu também sou feliz, isso é verdade, e tenho (quase) tudo o que preciso para ser feliz todos os dias... mas como (quase) todas as mulheres que passam os 30, começo a repensar nas prioridades que defini para a minha vida, na carreira acima de tudo, em ser mãe sim, mas mais tarde... e é este mais tarde, e em não se vislumbrar num horizonte próximo, o milagre da vida para mim, que a minha mente me trai e me faz pensar em tudo, pôr tudo em causa e repensar nas prioridades.
Porque também eu gostava de ter três bebés, viver num paraíso (podia continuar a ser Lisboa, que amo, ou Lagos, ou a Zambujeira do Mar), ter um companheiro (prefiro companheiro a marido) que me amasse perdidamente e trabalhar apenas para garantir o bem-estar dos meus amores.
Nada é assim tão simples. Pelo menos para mim ainda não foi.
E diz a minha irmã repetidamente cada vez que estamos juntas "porque tu exiges demais, porque tu queres sempre o melhor dos dois mundos... e porque na vida há que fazer cedências e tu, ainda, não estás preparada para isso...".
E talvez seja isso mesmo.